Quando o conheci, decidi tê-lo. A decisão durou até eu descobrir: achava-se o máximo. Havia se casado várias vezes e nunca
fora abandonado. Dizia e repetia isso, em um jeito ousado de quem tem a chave da
verdade. Como se fosse feliz. Não
era, eu sabia. Vivia em busca de novas relações. E talvez viesse a ter
várias, porque nunca soubera fazer escolhas. Pelo que me contara, sempre se
deixava ser escolhido. Até descobrir que não cabia na relação. Sofria. Mas só o
tempo de se refazer em nova procura. Não admitia, mas sua vocação era ser um
buscador. Como se fosse um mecanismo de pesquisa. Quando percebi que eu seria
seu próximo resultado, embaralhei suas opções. Aonde estiver, deve estar inconformado.
Não lhe dei a chance de chorar por mim.
Lourença Lou
Lourença Lou