Olhamo-nos de viés. Entre nós
as lágrimas guardadas, as mágoas escondidas, a vida aos pedaços. E o adeus.
Olhos presos numa corrente de elos infinitos, adivinhando a falta que se
esconderia em cada elo que nos restasse. Ele se virou. Rompeu-se a corrente. Silenciosamente fechou a
porta e o fim desenhou-se à minha frente. Abracei-me. Garganta fechada,
estômago contraído. Olhei em volta do quarto, escutando a mudez do armário, das
gavetas, dos travesseiros. Iniciei uma dança lenta, meio louca, meio perdida. E
um riso baixo. Depois rodopiei. Gargalhei. Mais alto. Mais rápido. Mais alto.
Mais rápido. Até que nada mais havia além do eco daquele estranhamento. E o
corpo caído sobre a cama. E o choro seco. E o silêncio no corpo. Até renascer
com a manhã. A vida continuaria[p1]