sexta-feira, 28 de setembro de 2018

XLI


O grito do telefone entrou em mim estraçalhando minha pouca segurança. Que notícia boa chegaria às 23:45h? Fiquei paralisada permitindo que o som estridente inserisse em meu medo situações inimagináveis. Estava sozinha em casa. Nenhuma outra mão além da minha para levantar aquele fone. Nenhum abraço para me ajudar a enfrentar meus dragões e suas línguas de fogo. Uma voz nervosa perguntou por um nome. – Não é daqui – balbuciei a custo. Era engano. Não era da clínica onde ele, meu filho, estava. Nem da polícia. Nem do hospital. Nem era nenhum fantasma encomendado para me assombrar. Me joguei no sofá. Reconheci. Meus fantasmas estavam dentro de mim. Um dia eu os mataria.

Lourença Lou

Paulo Bentancur Excelente miniconto escrito num tom de sugestiva e penumbrosa atmosfera. Há uma mescla de contundência e de enorme sugestão. Sim, o texto é autobiográfico, mas o brilhante ritmo narrativo é tipicamente ficcional. Magnífico, queridaLourença Lou... Beijos e boa-noite.

L

Não gostava de garotos. Andava sobre saltos e achava que homens maduros eram os grandes parceiros. Aquele menino subverteu meus conceitos ...