Éramos amigos, cúmplices, compadres, sócios e,
inevitavelmente, meio apaixonados. Trabalhávamos bastante, mas também nos
divertíamos quase sempre juntos – minha família e a dele. Nos últimos tempos,
com a crise político-econômica do país e os problemas com meu filho, eu andava
desanimada. Ele, ao contrário, cheio de energia. É na crise que os fortes
sobrevivem – me dizia. E inventou criar uma nova empresa e me arrastar para a
sociedade. Meu impulso inicial foi dizer não, mas
eu me mataria antes de fugir a um desafio! E começamos um novo empreendimento. Dois
meses depois ele foi internado às pressas. Um silencioso e fulminante câncer no
fígado levou-o. E levou mais um pedaço de mim.
Lourença Lou