sábado, 29 de setembro de 2018

LII


Flertávamos. Se não era abertamente, também não era de todo escondido. Não fazíamos por mal. Ninguém faz. Era a luta irreverente dos hormônios de adultos, supostamente resolvidos, que voltavam com a força da adolescência. Nas rodas de amigos, na fazenda, em reuniões de família, na pista de corrida – as brincadeiras levavam pimenta. O tempero ia ficando cada vez mais picante. Um abraço displicente aqui, um brincar faminto de lábios ali. E dali para a loucura, sabíamos, seriam dois passos. Mas também sabíamos. Havíamos perdido o tempo da escolha. Nossos filhos eram como irmãos. Nossos companheiros não eram apenas como. Desistimos do desejo. Sobreviveu o amor. Porque amor não vivido se inscreve no eterno.



Lourença Lou

L

Não gostava de garotos. Andava sobre saltos e achava que homens maduros eram os grandes parceiros. Aquele menino subverteu meus conceitos ...