sábado, 29 de setembro de 2018

LIV


Trancoso foi escolha da maioria. Vínhamos de Airuoca, sul de Minas, onde congelamos por algum tempo. Sonhávamos com o mar e o clima quente do nordeste. Há muito queríamos conhecer mais este paraíso perdido. Juntamos as tralhas e fomos para a estrada. Enfrentamos um sem-número de dificuldades: caronas em caminhões, balsas, canoas, longas e penosas caminhadas a pé. Mas tínhamos em média 16 anos, sandálias de couro, flores nos cabelos, estrelas nos olhos e nosso lema era paz e amor. Não chegamos em Trancoso. Zé Roberto, um dos dois meninos do grupo, envolveu-se numa discussão para defender uma das meninas. O caminhoneiro que nos deu carona confundiu amor livre com estupro. Zé Roberto não era um lutador. Nós não sabíamos o que fazer ao ver sua cabeça sangrar. Corremos para rodeá-lo. Os olhos dele estavam abertos, mas ele já não nos via.


Lourença Lou

L

Não gostava de garotos. Andava sobre saltos e achava que homens maduros eram os grandes parceiros. Aquele menino subverteu meus conceitos ...