sábado, 29 de setembro de 2018

LV


Sempre fui feminista. Participei de vários movimentos, obras sociais e o que aparecia em defesa da mulher. E brigava feio por qualquer sombra de discriminação, ainda que em brincadeiras, que meu marido e seus amigos fizessem. Meu discurso vivia na ponta da língua. Até conhecer Iolanda. Casada com um grande amigo, ela era a “Amélia” de Mário Lago. Fiquei chocada. Não entendia como ele, grande admirador das minhas lutas sociais, podia ser tão machista. Várias vezes falamos sobre isso, em todas as vezes ele me dizia que ela era, por opção, uma dona de casa e gostava de ser tratada assim – apesar de sua graduação em arquitetura. Chauvinista – era o que eu sempre pensava. Um dia eles nos convidaram para um fim de semana no sítio. Depois de dois dias naquele paraíso rural, entendi o que Rogério me dizia. Iolanda me colocou frente a um espelho, na maior classe. Descobri meu preconceito às avessas. Saí de lá com uma certeza: ela era muito mais dona de seu espaço do que eu jamais seria.



Lourença Lou

L

Não gostava de garotos. Andava sobre saltos e achava que homens maduros eram os grandes parceiros. Aquele menino subverteu meus conceitos ...