Sempre fui feminista. Participei de vários movimentos, obras
sociais e o que aparecia em defesa da mulher. E brigava feio por qualquer
sombra de discriminação, ainda que em brincadeiras, que meu marido e seus
amigos fizessem. Meu discurso vivia na ponta da língua. Até conhecer Iolanda.
Casada com um grande amigo, ela era a “Amélia” de Mário Lago. Fiquei chocada. Não
entendia como ele, grande admirador das minhas lutas sociais, podia ser tão
machista. Várias vezes falamos sobre isso, em todas as vezes ele me dizia que ela
era, por opção, uma dona de casa e gostava de ser tratada assim – apesar de sua
graduação em arquitetura. Chauvinista – era o que eu sempre pensava. Um dia
eles nos convidaram para um fim de semana no sítio. Depois de dois dias naquele
paraíso rural, entendi o que Rogério me dizia. Iolanda me colocou frente a um
espelho, na maior classe. Descobri meu preconceito às avessas. Saí de lá com
uma certeza: ela era muito mais dona de seu espaço do que eu jamais seria.
Lourença Lou