sábado, 29 de setembro de 2018

LX

Final de segunda-feira. A chuva pesada ensopava nossas roupas e cadernos. Os granizos batiam em nossos casacos e nos ensurdeciam para o resto do mundo. A enxurrada era um rio onde brincávamos de equilibristas.
Passamos pelas mesmas vitrines da Afonso Pena, mas naquele dia não conseguimos namorar os chocolates embrulhados em papel dourado. Sabíamos que eles estavam lá. Um dos meninos gritou:
- Se a gente jogar uma pedra na vitrine quem vai descobrir que não foi a chuva?
Abaixamos. Nossas mãos, nadando cegas na água cor de carne, se fecharam em variados tamanhos de pedras. Jogamos. Uma acertou.
Na delegacia, todos éramos culpados. Admitimos de barriga cheia e sorriso nos olhos - apesar dos castigos que nos esperavam em casa.
No dia seguinte ainda não havíamos nos arrependido. De que outra forma nos empanturraríamos de chocolates da Kopenhagen?





L

Não gostava de garotos. Andava sobre saltos e achava que homens maduros eram os grandes parceiros. Aquele menino subverteu meus conceitos ...