sábado, 29 de setembro de 2018

LIII


Foi numa fila do mercado. Minha vaidade, depois das várias cicatrizes deixadas pelo acidente, me atormentava, enquanto eu fingia ignorá-la. Atrapalhada como sempre, quase caí sobre um homem. Tentei algumas desculpas, mas ele sequer me olhou. Olhou meus pés como se fossem únicos no mundo.  E sutilmente os elogiou. Olhei-o surpresa. E surpresa, me deixei ser envolvida. Eu não só precisava como merecia ser paparicada – meu id me garantia. Papo vai, papo vem, descobri nas entrelinhas seu amor por pés. Viramos amigos. Depois, amigos bem íntimos. Foi um tempo em que me diverti inventando desejos quase impossíveis. E descobri o poder dos meus pés.



Lourença Lou

L

Não gostava de garotos. Andava sobre saltos e achava que homens maduros eram os grandes parceiros. Aquele menino subverteu meus conceitos ...