Eram três da manhã e eu ainda não
havia dormido. O sono deixava de existir sempre que aquele pedaço de mim se
perdia. E cada vez, menos sonho. E mais ausências. E mais pesadelos. Um dia
veio o som da campainha. Meu coração desmaiou pra logo em seguida acordar numa
corrida desabalada. A morte era o medo que rondava as minhas madrugadas. A casa
inteira correu para a porta. Era um policial. Olhei através dele. Lá estava meu
menino perdido. Dentro da viatura. Com um corte na cabeça por onde a vida
escorria. Olhei-o através da dor. Meu medo não era mais da morte. Era de uma
vida não vivida.
Lourença Lou