sexta-feira, 28 de setembro de 2018

XXXII


Éramos amigas. Ela, negra, pobre, linda. Eu, uma rebelde cheia de causas. Ela queria ser doutora e mudar sua história. Eu queria ser guerrilheira e mudar a história do país. Sem uma vaga na faculdade pública, ela pagava seu curso com a beleza e a disponibilidade sexual. Cada saída era um abuso. Cada abuso era lágrimas escondidas. Aguentava, queria ser doutora. Eu não concordava, mas não tinha tempo para convencê-la. Tinha minhas batalhas a vencer. Um dia foi levada para fazer aborto. Ela era negra, pobre, grávida. Nunca mais a vi.


Lourença Lou

L

Não gostava de garotos. Andava sobre saltos e achava que homens maduros eram os grandes parceiros. Aquele menino subverteu meus conceitos ...