Estudávamos no mesmo colégio. Eu no colegial, ele no
ginasial. Eu era uma mulher aos quinze, ele um bebê aos treze anos. Estava
apaixonada por um padre. Ele, apaixonado por mim. Detestava
tudo nele, especialmente a mania de ficar me olhando e me seguindo.. Perdi a
conta das vezes em que o mandei crescer e aparecer. Ele insistia, eu o
maltratava. Até que ele se cansou. Sumiu. Fiquei anos sem saber dele. Um dia
reapareceu. Eu era diretora da escola. Ele o candidato a professor de inglês,
recém-chegado da Grã-Bretanha
Um baita homem, em todos os aspectos. Virou alvo da imensa população feminina.
Desde o início estabelecemos uma relação respeitosa, mas distante. Nunca
falamos do passado. Com a convivência fui começando a admirá-lo. Um dia
descobri que a admiração havia virado tesão. Fêmea, iniciei o jogo da sedução.
Um jogo que joguei sozinha.
Nunca soube se ele não percebeu meu interesse ou se não quis perceber. Os três
últimos meses do ano pareceram séculos. Nunca havia sido ignorada. Estava resolvido.
Eu o demitiria. Mas algo deu errado na minha equação. Não fui reeleita. Pedi
demissão.
Lourença Lou
Paulo Bentancur Uma variante jogada amorosa exuberante. Do começo ao fim. Desfecho desconcertante. Genial.