Sempre fui meio malévola, meio rocha. Mas mesmo as mulheres-maravilhas
um dia sucumbiam. As notícias ruins vinham uma atrás da outra. Fragilidades no
coração. A filha grávida sendo assaltada. O filho que de tempos em tempos me
trazia dor e preocupação. E, para piorar, uma sequência de mortes inesperadas.
Não quaisquer mortes. Um amigo querido. O parceiro de tantas fantasias. O amigo
e mestre com quem trocara experiências nos últimos 3 anos. Fosse religiosa, feriria
os joelhos ou choraria contas de rosário. Houve momentos em que quis desistir. Mas desistir de quê? Depois de
tudo que vivi, não podia me entregar sem lutar. Lutei contra as correntezas. Sabia
que haveria outras e nem sempre encontraria um barco. Mas navegar era preciso –
disse o poeta – e sempre acreditei nele.
Lourença Lou